Escrever é
como deixar escapar uma parte nossa que até nós mesmos desconhecemos. Desvendar um novo mundo que
de tão perto, se tornou para quase todos nós, distante demais. É tentar
o impossível: fazer com que o coração controle nossas mãos sem pedir a ajuda do
cérebro ou talvez, criar pessoas e personalidades, sem pedir a ajuda de Deus.
Às vezes,
acho que o dom da escrita é uma espécie de mediunidade. Por
instantes, semanas ou meses, vida fora do corpo. Por que não? Considerando
todas as certezas que temos, eles são me parecem tão reais quanto nós. Às
vezes, até um pouco mais. Pra mim, o mundo descrito em palavras sempre fez mais sentido.
Então,
escrevo. Quando acabo, sinto uma espécie de alívio. Como se a
ordem daquelas palavras estivessem influenciando na frequência das
batidas do meu coração. Como se alguém precisasse mais daquilo do que
eu. De alguma forma, quando as frases se encontram, e se vão junto ao
ponto final, por dentro, tudo volta estranhamente normal.
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